domingo, 17 de julho de 2022




A gente finge que arruma o guarda-roupa, 
arruma o quarto, arruma a bagunça. 
Tira aquele tanto de coisa que não serve, 
porque ocupar espaço com coisas velhas não dá. 
As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. 
Mas a gente nunca tira tudo. 
Sempre as esconde aqui, esconde ali, 
finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. 
Que tá curta, pequeno, apertado. 
É que a gente queria tanto. Tanto. 
Acredito que arrumar a bagunça da vida 
é como arrumar a bagunça do quarto. 
Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve,
 jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. 
Isso pode servir melhor para outra pessoa. 
Hora de deixar ir. 
Alguém precisa mais do que você. Se livrar. 
Deixar pra trás. 
Algumas coisas não servem mais. Você sabe. 
Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta 
é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. 
Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. 
Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. 
Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

sábado, 16 de julho de 2022


 

 

"Hoje eu acordei sem nada no estômago, 
sem nada no coração, 
sem ter para onde correr, 
sem colo, sem peito, 
sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. 
Hoje eu acordei sem ter quem amar, 
mas aí eu olhei no espelho e vi, 
pela primeira vez na vida, 
a única pessoa que pode realmente 
me fazer feliz."
Caio Fernando Abreu